A carne mais barata do mercado
o extermínio de pessoas negras no sistema penal brasileiro sob a ótica de Achille Mbembe
DOI:
https://doi.org/10.5585/13.2024.23176Palabras clave:
sistema penal brasileiro, racismo, necropolíticaResumen
O presente trabalho analisa o funcionamento do sistema penal brasileiro a partir do conceito de necropolítica formulado por Achille Mbembe, buscando compreender o fenômeno de mortes massificadas de pessoas negras no país. O problema de pesquisa reside na seguinte pergunta: as formas de violação de direitos produzidas pelo sistema penal, através do encarceramento em massa e da letalidade policial, que afetam predominantemente pessoas negras, podem ser compreendidas sob a perspectiva da necropolítica? Para abordar essa questão, este estudo utilizou uma metodologia baseada em revisão bibliográfica dos conceitos centrais envolvidos, como os de Michel Foucault e Giorgio Agamben sobre biopoder, biopolítica e estado de exceção, além de trabalhos sobre necropolítica e genocídio negro de autores como Abdias do Nascimento, Silvio de Almeida e Ana Luiza Flauzina. Além disso, foram coletados e analisados dados de segurança pública para demonstrar a prevalência de pessoas negras nos indicadores de encarceramento, letalidade policial e mortes intencionais. O método empregado foi indutivo, partindo de observações específicas e dados empíricos para desenvolver uma compreensão mais ampla de um fenômeno. Os resultados indicam que a necropolítica é um conceito útil e adequado para entender a estrutura atual do sistema jurídico penal brasileiro, mostrando como a configuração do aparato judicial contribui para o extermínio e subalternização de pessoas negras, configurando-se como uma política de morte.
Descargas
Citas
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
ALMEIDA, Silvio Luiz. Racismo estrutural. São Paulo: Polén, 2019.
ALVES, Jaime Amparo. Necropolítica racial: a produção espacial da morte na cidade de São Paulo. Revista APBN – Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, v. 1, n. 3, 2010. Disponível em https://abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/276/256. Acesso em: 10 dez. 2021.
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 12. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BATISTA, Nilo. Novas tendências do direito penal. Rio de Janeiro: Renavan, 2004.
BENTO, Berenice. Necrobiopoder: quem pode habitar o Estado-nação? Cadernos Pagu, Campinas, vol. 53, 2018.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. São Paulo: Saraiva Educação, 2008.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Carcerário. Brasília: Edições Câmara, 2009. Disponível em: https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/2701. Acesso em. 02 fev. 2022.
BRASIL. Lei 16 de Dezembro de 1830. Manda executar o Código Criminal. Rio de Janeiro, 16 dez. 1830. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim-16-12-1830.htm. Acesso em: 09 dez
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Geral. Mapa do Encarceramento: Os jovens do Brasil. Brasília: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/noticias/junho/mapa-do78 encarceramento-aponta-maioria-da-populacao-carceraria-e-negra-1. Acesso em: 18 nov. 2021.
BRASIL. Sistema Nacional de Informações Penitenciárias. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública / Departamento Penitenciário Nacional, 2024.
Disponível em: https://www.gov.br/senappen/ptbr/servicos/sisdepen/relatorios/relipen/relipen-2-semestre-de-2023.pdf. Acesso em: 14 jun. 2024.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 347. Relator: Min. Marco Aurélio dos Santos Caminha. 2012. Disponível em https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=773553256&prcID=4783560=4783560. Acesso em: 14. jun. 2024.
CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade São Paulo: São Paulo, 2005. Disponível em: https://negrasoulblog.files.wordpress.com/2016/04/a-construc3a7c3a3o-do-outro-como-nc3a3o-ser-como-fundamento-do-ser-sueli-carneiro
CARVALHO, Salo. O encarceramento seletivo da juventude negra brasileira: a decisiva contribuição do Poder Judiciário. Belo Horizonte: Direito UFMG, 2015.
CORRÊA, Laura Henrique. Aproximações entre Foucault e Mbembe. Dignidade Re-Vista, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 7, julho, 2019.
FANON, Frantz. Os condenados da terra.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
FERRAZ, Joana D’Arc Fernandes. A chacina de vigário geral: a violência como princípio. Rio de Janeiro: Macaranan, 2004.
FERRAZ, Joana D‟Arc Fernandes. Do mal necessário à metáfora bélica: a lógicadual do Estado Autoritário. Rio de Janeiro: Maracanan, 2007.
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Brasília: BRADO, 2019.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário brasileiro de segurança pública. Edição XVII. São Paulo: FBSP, 2023. Disponível em: https://apidspace.universilab.com.br/server/api/core/bitstreams/b8f1896e-8bd9-4809-a9ee-85b82245dcf2/content. Acesso em: 14. jun. 2024
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso dado no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: Curso dado no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da medicina social. In: Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2010.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes, 1987.
GONZALEZ, Lelia. A categoria político-cultural da amefricanidade. In: Rev. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, 1988.
HILÁRIO, Leomir Cardoso. Da biopolítica à necropolítica: variações foucaultianas na periferia do capitalismo. Sapere aude, Belo Horizonte, v. 7, n. 13, p. 194-210, 2016.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Atlas da violência de 2020. Brasília: IPEA, 2020. Disponível em: https://dx.doi.org/10.38116.riatlasdaviolencia2020. Acesso em: 04 abr. de 2021
MBEMBE, Achille. A crítica da razão negra. São Paulo: N-1 Edições, 2014.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
MIRANDA, Isabella. A necropolítica criminal brasileira: do epistemicídio criminológico ao silenciamento do genocídio racializado. Revista brasileira de ciências criminais, n. 135, p. 231-268, 2017.
MOTTA, Manoel Barros da. Crítica da razão punitiva: nascimento da prisão no Brasil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.
RAMOS, Silvia et al. Pele-alvo: a cor da violência policial. Rio de Janeiro: CESeC, 2021.
ZAFAFRONI, Eugenio. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
ZAFFARONI, Eugenio. Sistemas penales y derechos humanos em América Latina. Buenos Aires: Depalma, 1984.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Revista Thesis Juris
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.