Conhecimento científico como instrumento para a promoção de transformações sociais e jurídicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/rtj.v11i2.23283

Palavras-chave:

editorial, revista Thesis Juris, direito

Resumo

Com mais esta edição, a Revista Thesis Juris avança para se consolidar como um espaço acadêmico de promoção de conhecimento jurídico útil e relevante para a sociedade. Com uma política editorial livre e multidisciplinar, a metodologia contribui para a seleção de pesquisas que abordam problemáticas contemporâneas, cujos resultados podem ser utilizados para o aprimoramento dos sistemas jurídicos, sociais e institucionais pátrios.

Em reforço ao caráter plural e à diversidade temática, a presente revista científica – apoiada pela Universidade Nove de Julho – lança mais doze artigos inéditos, com enfoque para temáticas sociais, culturais e jurídicos de elevada complexidade, estudados a partir de metodologias rigorosas.

Temas atuais em discussão no Supremo Tribunal Federal, tais como a violência policial e a proteção de dados pessoais; questões relacionadas à defesa das mulheres, dos idosos, dos indígenas e dos refugiados; relações de novas tecnologias com direitos fundamentais; bem como abordagens que tratam do estado democrático de direito e da ética jurídica. Esses são os eixos temáticos desenvolvidos nos artigos da revista.

O periódico se inicia com o relevante e contemporâneo artigo “Violência policial, racismo estrutural e os limites do estado democrático de direito”, dos autores Sandra Suely Moreira, Lurine Guimarães e Ludmylla Bezerra Correa, que discute os fatores sociais e jurídicos relacionados aos homicídios de pessoas negras praticados por forças policiais. A pesquisa possui relação direta com processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal, notadamente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635 – que foi objeto da Audiência pública nº 32  e aprecia a redução da letalidade policial e do controle de violações de direitos humanos pelas forças de segurança públicas – e o recente Tema 1.237 do STF (ARE 1.385.315), cuja repercussão feral foi reconhecida em outubro de 2022 para discutir a “Responsabilidade estatal por morte de vítima de disparo de arma de fogo durante operações policiais ou militares em comunidade, em razão da perícia que determina a origem do disparo ser inconclusiva”.

Na sequência, os autores Dennis Verbicaro e Luiza Nobre Maziviero analisam a situação de vulnerabilidade dos consumidores digitais – agravada durante a pandemia de Covid-19 – e os desafios para se dar efetividade à proteção legal de dados pessoais e informações sensíveis, em trabalho intitulado “A privacidade do consumidor digital escancarada pelos portais de notícias: como a permissão involuntária ao acesso de dados pessoais desafia a eficácia da lei geral de proteção de dados”.

Esse contexto de proteção aos dados pessoais também abordado pelos pesquisadores Pedro Henrique Hermes e Rogério Gesta Leal, no artigo “Considerações sobre o dever estatal de tutela ao direito fundamental de proteção aos dados pessoais”, em que se investigou a dimensão objetiva e constitucional de tal direito, a ensejar um dever estatal de tutela.

O inovador método da advocacia colaborativa foi objeto da pesquisa “A ética jurídica na advocacia colaborativa: uma discussão a partir das ondas de ética jurídica”, na qual o autor Robert Lee Segal discute as relações éticas envolvidas nesse modelo alternativo de composição de interesses, ou de resolução de disputas, como meio de amplificação do acesso à Justiça.

No quinto artigo, a problemática da violência doméstica – abordada em trabalho na edição anterior dessa revista – foi apreciada sob o olhar pragmático e visionário das autoras Isadora Hörbe Neves da Fontoura e Suzéte da Silva Reis, que apontaram a necessidade de se resguardar direitos e garantias trabalhistas às mulheres vítimas de agressões em seus ambientes familiares.

Assim como em outras edições recentes, as relações entre Direito e tecnologia seguem representadas no periódico. No artigo “Nanotecnologia e medicamentos: a necessidade de uma regulamentação jurídica brasileira para a proteção do direito fundamental à saúde”, Versalhes Enos Nunes Ferreira e Vanessa Rocha Ferreira ressaltam a inexistência de um marco regulatório que auxilie as agências de saúde na identificação da eficácia e da segurança de nanofármacos, o que pode colaborar para um consumo com potencial grau de toxicidade resultante de suas interações com sistemas biológicos.

Ainda no escopo tecnológico, Simone de Sá Rosa Figueirêdo e Elton Gomes Reis retomam o assunto fake news em ambientes virtuais – abordado na edição anterior e que permanece atual, em especial diante da proliferação de atos antidemocráticos no período posterior às eleições gerais – para analisar os denominados “cibercrimes” e as ações de desinformação na Rede no Brasil, em texto nominado “Poder e norma no ciberespaço”.

Tema relacionado aos povos indígenas foi abordado em “Justiça restaurativa indígena: uma janela da jusdiversidade?”, em que as pesquisadoras Luana Rodrigues Meneses de Sá e Andréa Flores discorrem sobre o desenvolvimento de mecanismos próprios da comunidade indígena com a justiça restaurativa, enquanto uma forma de propiciar a harmonia entre o sistema de justiça estatal e indígena.

Em continuação, a revista apresenta artigo que suscita uma reflexão crítica sobre o processo de revisão judicial de leis, em que os autores André Peixoto de Souza e Jéssica Kaczmarek Marçal Ribeiro da Fonseca defendem a compatibilidade desse método com o princípio democrático, no texto “Revisão judicial das leis: compatibilidade com o estado democrático de direito e supremacia da constituição e dos direitos fundamentais”.

A partir de um olhar empírico, Alan Faria Andrade Silva e Regina Vera Villas Bôas – em “Caritas de São Paulo e seu auxílio na efetividade dos direitos dos refugiados” – analisam dados e informações sobre a atuação da entidade católica na efetivação do direito ao refúgio, a partir das normas jurídicas previstas na Lei nº 9.474/95.

No trabalho “Tratado de Marraqueche de acessibilidade a obras literárias às pessoas com deficiências visuais: a responsabilidade do mercado editorial na efetividade dos direitos da personalidade”, a autora Daniela Menengoti Gonçalves Ribeiro reforça o status constitucional das normas de inclusão literária e artística às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades de leitura, por meio da promoção de livros em formatos alternativos e de áudio, sob a responsabilidade do mercado editorial.

Por fim, outra temática social igualmente relevante é a apreciada por Cleber Sanfelici Otero e Patrícia de Paula Pereira Inês na pesquisa “De descendentes para ascendentes: o direito dos idosos a alimentos e a responsabilidade solidária dos familiares”. Para os autores, em ação de alimentos promovida por pessoa idosa, a legitimidade dos descendentes é solidária, com a extensão da responsabilidade alimentar entre os graus de parentesco, consoante o art. 12 do Estatuto da Pessoa Idosa.

Os doze artigos acima descritos foram selecionados dentre uma relação de sessenta e cinco submissões, e representam produções científicas originadas do Centro Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul, com participação de autores em diversos graus de titulação, desde bacharelato a pós-doutorado, e vinculados a mais de uma dezena de instituições do país.

Ao encerrar este ciclo do ano de 2022 com o segundo número do décimo primeiro volume, a equipe editorial da Revista Thesis Juris agradece a cada um dos autores por suas contribuições à promoção e à difusão da ciência brasileira, bem como aos pareceristas, professores e colaboradores que atuaram nos fluxos editoriais da revista, em trabalhos árduos de elevada qualidade técnica.

Mais do que uma boa leitura, o meu desejo é que os artigos da revista contribuam para promover efetivas transformações no bojo da sociedade!

 

Professor Doutor Alexandre Freire

Editor-Chefe da Revista Thesis Juris

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Biografia do Autor

Alexandre Reis Siqueira Freire, Universidade Nove de Julho (Uninove) / São Paulo, SP

Doutor em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC-SP (2016). Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Paraná (2004). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (2000). Assessor de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Ex-Secretário de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação do Supremo Tribunal Federal. Ex-Assessor Especial da Presidência do Supremo Tribunal Federal. Diretor para Assuntos Legislativos do IBDP. É membro do Grupo de Trabalho instituído para auxiliar os ministros integrantes comissão de Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. É membro do Grupo de Trabalho instituído para auxiliar os ministros na Comissão do novo Código de Processo Civil. Membro da Comissão de Estudos sobre o novo Código de Processo Civil instituída pela Presidência do Supremo Tribunal Federal. Membro da Comissão instituída pela Presidência do Supremo Tribunal Federal responsável pela implantação do processo judicial eletrônico na Suprema Corte. É Conselheiro do Conselho Consultivo Nacional da Inovação do Poder Judiciário do CNJ. É membro do Grupo de Trabalho do CNJ para elaboração de estudos e propostas voltados para o fortalecimento dos precedentes no sistema jurídico. É membro do Comitê Executivo da Rede Nacional de Cooperação Judiciária do CNJ. Membro do Comitê Nacional da Conciliação do CNJ. Professor Instrutor no STF, na AGU e no CNJ. Ex- Assessor Parlamentar da Presidência da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Ex-Subchefe adjunto para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Ex-Coordenador Geral de Políticas Sociais da Presidência da República. Ex-Assessor jurídico de ministro do Supremo Tribunal Federal. Professor da Pós-graduação em Direito Processual Civil da PUC-Rio e da PUC-SP (COGEAE). Professor da Pós-graduação em Direito Processual Civil do Instituto Brasiliense de Direito Público-IDP/DF. Professor da Associação dos Advogados do Estado de São Paulo - AASP. Professor da Escola da Advocacia Geral da União. Professor Adjunto I do Departamento de Direito da Universidade Federal do Maranhão-UFMA (cedido ao Supremo Tribunal Federal desde 2018). Professor Doutor do Programa de Doutorado e Mestrado da UNINOVE. Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Instituições do Sistema de Justiça - UFMA (Mestrado). Editor Chefe da Revista Suprema (periódico do Supremo Tribunal Federal). Editor-Chefe de Thesis (UNINOVE). Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Direito Processual - RBDPRO. Membro do Conselho de Redação da Revista de Processo - RePro (Thomson Reuters - Revista dos Tribunais). Tem experiência na área de Direito Constitucional e Direito Processual Civil: Processo Constitucional; Meios Adequados de Resolução de Controvérsias; Meios de Impugnação das Decisões Judiciais; Tutelas Provisórias; Incidentes processuais nos Tribunais Superiores. Cortes Superiores e Governança. Desenho deliberativo das Cortes Supremas.

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Publicado

2022-11-16

Como Citar

FREIRE, Alexandre Reis Siqueira. Conhecimento científico como instrumento para a promoção de transformações sociais e jurídicas. Revista Thesis Juris, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 172–195, 2022. DOI: 10.5585/rtj.v11i2.23283. Disponível em: https://uninove.emnuvens.com.br/thesisjuris/article/view/23283. Acesso em: 14 nov. 2024.

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