Saberes Rizomáticos em Educação

Resumo

O Dossiê do número 51 da Revista Dialogia, trouxe como temática os “Saberes Rizomáticos em Educação”. Acolheu estudos que contemplam essa importante área de investigação que tem abrangido não apenas a educação, mas as diversas áreas do saber. Deve-se ressaltar, por outro lado, que a própria ideia dos saberes rizomáticos se opõe a divisão entre os conhecimentos produzidos. Defende, também, que os saberes mais diversos estão no espectro dos esforços humanos para conhecer o mundo e a si. Para elucidar a discussão pode-se usar a própria imagem dos rizomas, que são como que raízes que se interconectam, interfecundam e intercomunicam, gerando novas vidas e mantendo sua própria vida num processo em que geração e manutenção se confundem infinitamente. Tal perspectiva pretende se oferecer como um modo de investigar as realidades educacionais.

A sociedade moderna foi produzida segundo um ideal racional, individualista, separativista, hierarquizador e baseado em relações de força e poder, num movimento de epistemicídio de formas outras de conhecer, de produzir culturas e subjetividades. A definição de qual é o conhecimento verdadeiro e válido provém de uma disputa social ampla. E as escolas lidam com o conhecimento que representa o projeto vencedor num projeto pautado pela hegemonia. Mas como o conhecimento provém da realidade e há várias realidades, pautamos que são válidos vários conhecimentos que podem e devem ser considerados em si e de uma forma transdisciplinar. A transdisciplinaridade excede, transcende a hierarquização dos conhecimentos, as divisões dentro do próprio conhecimento concebido como válido, bem como dos métodos de conhecer as realidades e dos objetos a serem conhecidos. Abre-se espaço no Dossiê 51 para uma discussão dessa natureza considerando os fenômenos educacionais.

Na seção Dossiê, encontram-se artigos que trazem à tona especificidades do tema, tais como: produção de vídeos sobre curiosidades matemáticas protagonizados por estudantes da EJA; currículo cultural da Educação Física e a perspectiva rizomática do conhecimento; linhas de forças nas teorias curriculares; estratégias pedagógicas para o ensino de matemática a alunos com transtorno do espectro autista; a identidade ciborgue, interdisciplinaridade e crise da educação a partir de um olhar autoetnográfico.

Na   seção   Artigos,   encontram-se   textos,   os   quais   discorrem   sobre   temáticas diversificadas, dentre elas: uma jornada sapiens-demens a partir de vários olhares; um olhar sobre as relações dialógicas na perspectiva freireana e suas contribuições para a educação na/da infância; aceitabilidade de preparações sem adição de açúcares para alimentação escolar de pré-escolares; cultura lúdica: a influência do brincar por meio dos objetos ribeirinhos na aprendizagem da criança; a singularidade do ser que nasce para o mundo: um diálogo com Bakhtin e outras vozes; cineclube (re)existência apresenta: uma pi(n)tada de teoria queer na escola; o assembleísmo como via de democratização da escola pública: a experiência dos Bachilleratos Populares na Argentina; pedagogia voltada para o futuro: a contribuição de Bogdan Suchodolski para pensar a educação; gestão escolar em contextos vulneráveis: contribuições ao debate, e emoções em sala de aula no contexto universitário.

A entrevista foi concedida pela Professora Dra. Márcia Fusaro. Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) com pós-doutoramento em Artes (UNESP); Mestra em História da Ciência (PUC-SP); Especialista em Língua, Literatura e Semiótica (USJT). Professora e pesquisadora dos programas de pós-graduação stricto sensu em Educação (PROGEPE e PPGE) da Universidade Nove de Julho (UNINOVE).

Finalizamos com a seção Resenha, apresentando a obra de CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de Racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023, escrita por Marcos Aurélio Soares da Silva e Maurício Pedro da Silva.

Desejamos uma excelente leitura!