Formas de dizer de si e do mundo: autobiografias e autoetnográficas de educadores

Resumo

As investigações educacionais sobre as escritas pessoais nos processos de formação e profissionalização dos professores começaram a se expandir no Brasil a partir de 1990, marcando o que pode ser chamado de "mudança biográfica na Educação". Desde então, muitos estudos sobre a profissão docente têm se concentrado em como os professores vivenciam sua formação ao longo da vida, destacando a reflexão sobre as experiências acumuladas no ensino. Esses estudos, que utilizam as histórias de vida como um método qualitativo e uma prática formativa, buscam identificar, nas trajetórias dos professores, questões relevantes para a pesquisa educacional, tais como: as motivações para a escolha da profissão, as características das diferentes fases da carreira docente, as questões de gênero no exercício do ensino, a construção da identidade profissional e as relações entre práticas educativas e políticas educacionais (Passeggi; Souza; Vicentini, 2011).

Nesse sentido, o Dossiê do número 49 da Dialogia trouxe como temática as “Formas de dizer de si e do mundo: autobiografias e autoetnografias de educadores”. Seguindo essa proposta, estabeleceu-se, nos artigos da seção Dossiê, um diálogo a partir de estudos autobiográficos e autoetnográficos que trouxeram à tona subjetividades e profissionalidades constituídas em meio às relações estabelecidas com políticas educacionais, dispositivos pedagógicos, cotidianos escolares e projetos educacionais. Nesse contexto, esses textos discutem: narrativas autobiográficas na formação de professores-pesquisadores; tecnologias assistivas na formação do estudante com paralisia cerebral; trabalho intelectual e militância LGBTI+; modos de ver a Amazônia e a mulher amazônida; epifanias autoetnográficas da invisibilização do corpo negro e da negritude na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física; e samba, ciência e outras formas de criar mundos.

Na seção Artigos, encontram-se textos que tratam de temáticas diversificadas, a saber: as representações sociais de jovens do Maruanum-AP e as implicações em seus projetos de vida; o discurso no universo da Linguística; o curso de Pedagogia como constituidor da identidade docente; as perspectivas e desafios do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas escolas públicas da Educação Básica; o direito à qualidade da Educação Infantil no Brasil; a Base Nacional Comum Curricular, Reforma do Ensino Médio e Educação do Campo; a inclusão e formação inicial docente em Educação Física; a abordagem STEAM e educação teatral em um curso de Engenharia; as potencialidades das tecnologias digitais no ensino da Educação Física escolar; atividades de Educação Física adaptadas para alunos usuários de cadeiras de rodas; metodologias para qualificar a prática docente na creche; e formação de professores e percepções sobre gênero e sexualidade no contexto escolar.

A entrevista foi concedida pela professora Margaréte May Berkenbrock-Rosito, atualmente vinculada como docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Mestrado e Doutorado em Educação e Mestrado Profissional Formação de Gestores Educacionais, da Universidade Cidade São Paulo (UNICID). Desenvolve outras atividades como: avaliadora de cursos do Ministério da Educação, pesquisadora e professora convidada no Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, história de vida, memória, e educação estética na formação inicial e continuada de professores. Este número da revista Dialogia finaliza com a resenha do livro Jornadas Autobiográficas: a contribuição das narrativas e memórias na formação de educadores, de Adriana Friedmann, São Paulo: Panda Educação, 2023, escrita por Fernanda Cristina Mota Vellado Passos e Nádia Conceição Lauriti. Desejamos uma excelente leitura!