Por dentro do copinho: consumo simbólico e identitário das consumidoras de coletor menstrual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/remark.v19i2.17774

Palavras-chave:

Consumo, Mulheres, Coletor menstrual, Identidade

Resumo

Objetivo: Buscou-se compreender como o item de higiene íntima coletor menstrual se relaciona com a construção da identidade das consumidoras.


Método: Este trabalho é qualitativo, exploratório, e foi utilizado o método focus group, em dois momentos distintos, com quinze mulheres que possuíam idade, escolaridade e estado civil diversos. A análise de conteúdo foi usada para interpretação dos dados.


Originalidade/Relevância: Este estudo se refere a como funciona o consumo do coletor menstrual no contexto contemporâneo e como as mudanças no consumo reforçaram a necessidade de contestação política, social e econômica.


Resultados: O consumo do coletor menstrual vai além da busca por componentes racionais. A obtenção deste produto está relacionada a símbolos associados a preocupações ambientais, aspectos relacionados a saúde, autoconhecimento e autonomia. Além disso, este item é capaz de comunicar a identidade e transformar a realidade das consumidoras no contexto investigado.


Contribuições teóricas/metodológicas: Este artigo supre as lacunas sobre como funciona o consumo do coletor menstrual e como este consumo transforma velhas identidades, de modo que proporciona aos atores sociais estudados o discernimento sobre aspectos capazes de transformar a sociedade contemporânea.


Contribuições sociais/para a gestão: Este estudo aponta que o uso do coletor menstrual auxiliou na ruptura de padrões limitantes que circundam as relações sociais e comportamentais das mulheres participantes do estudo. Ademais, as empresas que atuam em segmentos similares podem fomentar seu mercado de atuação, a partir da construção de novas consciências mercadológicas relativas a sustentabilidade, a saúde e promoção da autonomia das consumidoras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernanda de Aguiar Zanola, Universidade Federal de Lavras

Graduada em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) em 2017. Bolsista de Iniciação Científica financiada pelo CNPq de 2014 à 2016. Mestranda em Marketing e Comportamento do Consumidor no programa de pós graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Membro do Grupo de estudos em Marketing e Comportamento do Consumidor (GECOM) e do Grupo de Estudos em Redes, Estrategia e Inovação (GEREI).

Ana Cristina Ferreira, Universidade Federal de Lavras

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na linha de Gestão Estratégica, Marketing e Inovação, e membro do Grupo de estudos em Marketing e Comportamento do Consumidor (GECOM). É mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) (2016), na linha de pesquisa Organização e Mudança, onde estudou uma abordagem da Integração Interfuncional entre Marketing, Logística e Produção. É graduada em Administração pela Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba (UFV-CRP) (2013). Atuou como professora substituta da Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba (UFV-CRP), no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (2016-2017), onde lecionou as disciplinas de Marketing, Logística e Teorias da Administração.

Luiz Guilherme Rodrigues Antunes, IFMG

Formado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), Pós graduação em MBA Executivo pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras.

Lucas Rocha Vieira, Universidade Federal de Lavras

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA). Em 2017 graduou-se em Bacharelado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). É Membro do grupo de pesquisa Laboratório de Estudos Transdisciplinares - LETRA.

Luiz Henrique de Barros Vilas Boas, Universidade Federal de Lavras

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (1989), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (2002) e doutorado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (2005). Atualmente é professor Associado do Departamento de Administração e Economia - DAE da Universidade Federal de Lavras - UFLA. Atua no Programa de Pós-graduação em Administração do DAE-UFLA.

Referências

Almeida, S. R. G. (2002). Gênero, identidade, diferença. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 9, 90-97.

Amaral, N. B., & Loken, B. (2016). Viewing usage of counterfeit luxury goods: Social identity and social hierarchy effects on dilution and enhancement of genuine luxury brands. Journal of Consumer Psychology, 26(4), 483-495.

Arnould, E. J., & Thompson, C. J. (2005). Consumer culture theory (CCT): Twenty years of research. Journal of consumer research, 31(4), 868-882.

Barbosa, L., & Campbell, C. (2006). Cultura, consumo e identidade. FGV Editora.

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo 4ªed. Lisboa: Edições, 70.

Belk, R. W. (1988). Possessions and the extended self. Journal of consumer research, 15(2), 139-168.

Bihagen, E., & Katz-Gerro, T. (2000). Culture consumption in Sweden: The stability of gender differences. Poetics, 27(5-6), 327-349.

Borlina Filho, V. (2012). Cidades de médio porte são as que mais crescem, aponta IBGE. Folha de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/63963-cidades-de-medio-porte-sao-as-que-mais-crescem-aponta-ibge.shtml>. Acesso em: 20 abr. 2018.

Braidotti, R. (2003). Becoming woman: Or sexual difference revisited. Theory, Culture & Society, 20(3), 43-64.

Bristor, J. M., & Fischer, E. (1993). Feminist thought: Implications for consumer research. Journal of consumer research, 19(4), 518-536.

Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Editora Record.

Cairns, K., Johnston, J., & MacKendrick, N. (2013). Feeding the ‘organic child’: Mothering through ethical consumption. Journal of Consumer Culture, 13(2), 97-118.

Çevirme, A. S., Çevirme, H., Karaoğlu, L., Uğurlu, N., & Korkmaz, Y. (2010). The perception of menarche and menstruation among Turkish married women: Attitudes, experiences, and behaviors. Social Behavior and Personality: an international journal, 38(3), 381-393.

Chidid, I. R., & Leão, A. L. M. S. (2011). Atividades de consumo como recursos da construção da identidade pré-adolescente em interações verbais. Revista Organizações em Contexto, 7(13), 59-83.

Farage, M. A. (2006). A behind‐the‐scenes look at the safety assessment of feminine hygiene pads. Annals of the New York Academy of Sciences, 1092(1), 66-77.

García, M. C. D., & Welter, F. (2013). Gender identities and practices: Interpreting women entrepreneurs’ narratives. International Small Business Journal, 31(4), 384-404.

Geertz, C. (1981). A Interpretação das Culturas. São Paulo: Editora LTC.

Gonçalves, R. R. (2009). Identidade, consumo e sociabilidade: implicações éticas. Estudos e pesquisas em Psicologia, 9(1), 0-0.

Hall, S. (2006). A identidade cultural na pós-modernidade. TupyKurumin.

Hearn, J., & Hein, W. (2015). Reframing gender and feminist knowledge construction in marketing and consumer research: missing feminisms and the case of men and masculinities. Journal of Marketing Management, 31(15-16), 1626-1651.

Howard, C., Rose, C. L., Trouton, K., Stamm, H., Marentette, D., Kirkpatrick, N., Karalic, S., Fernandez, R., & Paget, J. (2011). FLOW (finding lasting options for women): Multicentre randomized controlled trial comparing tampons with menstrual cups. Canadian Family Physician, 57(6), e208-e215.

Katz-Gerro, T. (2004). Cultural consumption research: review of methodology, theory, and consequence. International Review of Sociology, 14(1), 11-29.

Liswood, R. (1959). Internal menstrual protection: Use of a safe and sanitary menstrual cup. Obstetrics & Gynecology, 13(5), 539-543.

Marcon, F. A., Marcon, G. A., & Rocha, R. A. da. (2017). Marketing Crítico e Ideologia Feminista na Pós-Modernidade. Anais... SEMEAD.

Mariano, S. A. (2005). The subject of feminism and post-structuralism. Revista Estudos Feministas, 13(3), 483-505.

McCracken, G. (2007). Cultura e consumo: uma explicação teórica da estrutura e do movimento do significado cultural dos bens de consumo. Revista de Administração de Empresas, 47(1), 99-115.

North, B. B., & Oldham, M. J. (2011). Preclinical, clinical, and over-the-counter postmarketing experience with a new vaginal cup: menstrual collection. Journal of Women's Health, 20(2), 303-311.

Oliveira, J. S. (2011). Representações das relações entre cultura, consumo e etnia: as representações culturais das mulheres negras no mercado consumidor brasileiro. Revista de Administração, 9(2), 108-130.

Oliveira, M., & Freitas, H. (2006). Focus group: instrumentalizando o seu planejamento. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 325-346.

Patterson, C. E., & Hogg, M. K. (2004). Gender identity, gender salience and symbolic consumption. ACR Gender and Consumer Behavior.

Pena, E. F. (1962). Menstrual protection. Advantages of the menstrual cup. Obstet Gynecol, 19(5), 684-687.

Sardenberg, C. M. (1994). De sangrias, tabus e poderes: a menstruação numa perspectiva sócio-antropológica. Estudos feministas, 314-344.

Schiffman, L.G., & Kanuk, L. L. (2000). Comportamento do Consumidor. 6.ed. Porto Alegre: LTC. p. 59-80.

Segal, B., & Podoshen, J. S. (2013). An examination of materialism, conspicuous consumption and gender differences. International Journal of Consumer Studies, 37(2), 189-198.

Silva, I. S., Veloso, A. L., & Keating, J. B. (2014). Focus group: Considerações teóricas e metodológicas. Revista Lusófona de Educação, (26), 175-190.

Souza, T. M. (2017). Perspectivas sobre a menstruação: análise das representações na publicidade e na militância feminista online. CSOnline - Revista Eletrônica de Ciências Sociais, (23), 295-314.

Stewart, K., Powell, M., & Greer, R. (2009). An alternative to conventional sanitary protection: would women use a menstrual cup?. Journal of Obstetrics and Gynaecology, 29(1), 49-52.

Walther, L., & Schouten, J. W. (2016). Next stop, Pleasure Town: Identity transformation and women's erotic consumption. Journal of Business Research, 69(1), 273-283.

Downloads

Publicado

29.07.2020

Como Citar

Zanola, F. de A., Ferreira, A. C., Antunes, L. G. R., Vieira, L. R., & Vilas Boas, L. H. de B. (2020). Por dentro do copinho: consumo simbólico e identitário das consumidoras de coletor menstrual. ReMark - Revista Brasileira De Marketing, 19(2), 361–387. https://doi.org/10.5585/remark.v19i2.17774

Edição

Seção

Artigos