Desafios na construção de uma cadeia de fornecimento de energia a partir de resíduos sólidos urbanos: o papel dos empreendedores institucionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5585/2024.23089

Palavras-chave:

resíduos sólidos urbanos, waste-to-energy, empreendedorismo institucional

Resumo

Objetivo: Avaliar o papel dos empreendedores institucionais na construção de uma cadeia de fornecimento de energia a partir de resíduos sólidos urbanos.

Metodologia: As unidades de análise da pesquisa são os empreendedores institucionais envolvidos na construção de uma cadeia de fornecimento de energia no Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, localizado no estado do Ceará. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizado por meio de entrevistas semiestruturadas. A técnica de pesquisa de path dependence foi adotada para a construção da trajetória histórica e análise de conteúdo.

Originalidade/Relevância: A cadeia investigada se constituiu a partir de uma parceria envolvendo o governo do estado do Ceará, prefeituras municipais e empresas privadas, para a instalação da maior usina do país com capacidade de injetar biogás proveniente da digestão anaeróbica de resíduos sólidos urbanos na rede de distribuição de gás natural da Companhia de Gás do Ceará – CEGÁS.

Resultados: Evidenciou-se que empreendedores institucionais podem protagonizar a configuração de um novo arranjo institucional por meio do desenvolvimento de habilidades políticas, sociais e técnicas. Dentre as estratégias identificadas, a seleção de parceiros baseada nas relações de confiança pré-existentes e a atuação dos atores governamentais são fatores críticos para o sucesso da cadeia de fornecimento de energia a partir de resíduos sólidos urbanos.

Contribuições: O estudo contribui para a compreensão da atuação de empreendedores institucionais no rearranjo da cadeia de fornecimento de energia. O trabalho oferece um diagnóstico das habilidades políticas, sociais e técnicas, e contribui para a construção de cidades sustentáveis e eficientes na gestão de resíduos e atentas aos impactos ambientais e sociais do crescimento urbano desordenado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adely Ribeiro Meira Corrêa, Universidade de São Paulo – USP / São Paulo, SP

Mestre em Administração e Controladoria. Universidade de São Paulo – USP. São Paulo, São Paulo

Mônica Cavalcanti Sá de Abreu, Universidade Federal do Ceará

Bolsista de Produtividade 1D do CNPq; Professora Associado III da Universidade Federal do Ceará - Faculdade de Economia, Administração,Atuárias e Contabilidade - FEAAC. Pós-Doutorado em Industrial Manufacturing - University of Cambridge - Institute for Manufacturing (IfM) - Doutorado em Engenharia de Produção (UFSC), Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos (EQ/UFRJ), Graduação em Engenharia Química (UFC)

Hugo Santana de Figueirêdo Junior, Universidade Federal do Ceará (UFC) / Fortaleza, Ceará

Doutor em Economia de Negócios. Universidade Federal do Ceará – UFC / Fortaleza, Ceará – Brasil.

Referências

ABIOGÁS. (2019). Modelos de negócio para a expansão do biogás no Ceará. São Paulo: VI Fórum do Biogás. Retrieved from https://abiogas.org.br/arquivos-e-documentos/seminario-tecnico/

Abreu, M. C. S. de, & Freitas, A. R. P. de. (2015). Trajetória Histórica e Benefícios da Implantação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo em Aterros Sanitários. In Desenvolvimento em Questão (Vol. 13). https://doi.org/10.21527/2237-6453.2015.32.48-77

ACFOR. (2012). Plano Municipal de gestão integrada de resíduos sólidos de Fortaleza-Ceará. In Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental. Fortaleza. Retrieved from https://urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br/images/urbanismo-e-meio-ambiente/infocidade/plano_municipal_de_gesto_integrada_de_residuos_solidos_de_fortaleza.pdf

Alonso-Almeida, M. del M., Rodriguez-Anton, J. M., Bagur-Femenías, L., & Perramon, J. (2021). Institutional entrepreneurship enablers to promote circular economy in the European Union: Impacts on transition towards a more circular economy. Journal of Cleaner Production, 281. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2020.124841

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Battilana, J. (2006). Agency and institutions: The enabling role of individuals’ social position. Organization, 13(5), 653–676. https://doi.org/10.1177/1350508406067008

Biygautane, M., Neesham, C., & Al-Yahya, K. O. (2019). Institutional entrepreneurship and infrastructure public-private partnership (PPP): Unpacking the role of social actors in implementing PPP projects. International Journal of Project

Management, 37(1), 192–219. https://doi.org/10.1016/j.ijproman.2018.12.005

Borges, D. E., & Scherer, F. L. (2015). Empreendedorismo institucional no desenvolvimento do polo vitivinícola da Campanha Gaúcha. Revista Connexio, 2(fev./jul.), 107–122.

CEGÁS. (2020). A empresa: conheça a história da CEGÁS. Retrieved August 20, 2020, from https://www.cegas.com.br/a-empresa/

Ceglia, D., Abreu, M. C. S. de, & Da Silva Filho, J. C. L. (2017). Critical elements for eco-retrofitting a conventional industrial park: Social barriers to be overcome. Journal of Environmental Management, 187, 375–383. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2016.10.064

Chakhovich, T., & Virtanen, T. (2023). Accountability for sustainability – An institutional entrepreneur as the representative of future stakeholders. Critical Perspectives on Accounting, 91(November 2021), 102399. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2021.102399

CicloVivo. (2018, April 17). Fortaleza inaugura maior usina de produção de biogás com lixo de aterro. Retrieved from https://ciclovivo.com.br/planeta/desenvolvimento/fortaleza-inaugura-maior-usina-produzir-biogas-com-lixo-de-aterro/

Collis, J., & Hussey, R. (2005). Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação (2nd ed.). Porto Alegre: Bookman.

Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: métodos qualitativos, quantitativos e mistos (3rd ed.). Porto Alegre: Artmed.

Cui, S., Tang, Y., Li, C., & Li, Y. (2023). A Bibliometric Analysis of Institutional Entrepreneurship Base on SSCI Database (1994-2021). 2023 7th International Conference on Management Engineering, Software Engineering and Service Sciences, ICMSS 2023, 141–147. https://doi.org/10.1109/ICMSS56787.2023.10118231

Deerfield, A., & Elert, N. (2023). Entrepreneurship and Regulatory Voids: The Case of Ridesharing. Entrepreneurship: Theory and Practice, 47(5), 1568–1593. https://doi.org/10.1177/10422587221093300

DiMaggio, P. J. (1988). Interest and Agency in Institutional Theory. In L. Zucker (Ed.), Institutional patterns and organizations: culture and environment (Vol. 1, pp. 03–21). Cambridge: Ballinger.

Diniz, G. M., & Abreu, M. C. S. de. (2018). Disposição (Ir)Responsável De Resíduos Sólidos Urbanos No Estado Do Ceará: Desafios Para Alcançar a Conformidade Legal. Revista de Gestão Social e Ambiental, Vol. 12, pp. 21–38. https://doi.org/10.24857/rgsa.v12i2.1412

Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories from Case Study Research. Academy of Management Review, 14(4), 532–550. https://doi.org/10.5465/amr.1989.4308385

Eisenstadt, S. N. (1964). Institutionalization and Change. American Sociological Review, 29(2), 235–247. https://doi.org/10.2307/2092126

Flick, U. (2009). Introdução à Pesquisa Qualitativa (3rd ed.). Porto Alegre: Artmed.

Grimm, J. H., Hofstetter, J. S., & Sarkis, J. (2023). Corporate sustainability standards in multi-tier supply chains–an institutional entrepreneurship perspective. International Journal of Production Research, 61(14), 4702–4724. https://doi.org/10.1080/00207543.2021.2017053

Hardy, C., & Maguire, S. (2008). Institutional Entrepreneurship. In R. Greenwood, C. Oliver, R. Suddaby, & K. Sahlin (Eds.), Handbook of Organizational Institutionalism. London: SAGE Publications Ltd. https://doi.org/https://dx.doi.org/10.4135/9781849200387

Heiskanen, E., Kivimaa, P., & Lovio, R. (2019). Promoting sustainable energy: Does institutional entrepreneurship help? Energy Research and Social Science, 50(June 2018), 179–190. https://doi.org/10.1016/j.erss.2018.11.006

Inderberg, T. H. J., Leikanger, I., & Westskog, H. (2023). Institutional context, innovations, and energy transitions: Exploring solar photovoltaics with hydrogen storage at a secondary school in Norway. Energy Research and Social Science, 101(May), 103147. https://doi.org/10.1016/j.erss.2023.103147

Jacobi, P. R., & Besen, G. R. (2011). Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos Avancados, 25(71), 135–158. https://doi.org/10.1590/S0103-40142011000100010

Jacobus, A. E. (2014). Empreendedorismo institucional: o papel de empresas e suas associações na evolução da indústria de software e serviços no Brasil (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São

Leopoldo. Retrieved from http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4383/29b.pdf?sequence=1

Jolly, S. (2017). Role of institutional entrepreneurship in the creation of regional solar PV energy markets: Contrasting developments in Gujarat and West Bengal. Energy for Sustainable Development, 38, 77–92. https://doi.org/10.1016/j.esd.2016.10.004

Jolly, S., Spodniak, P., & Raven, R. P. J. M. (2016). Institutional entrepreneurship in transforming energy systems towards sustainability: Wind energy in Finland and India. Energy Research and Social Science, 17, 102–118. https://doi.org/10.1016/j.erss.2016.04.002

Larrinaga, C., & Bebbington, J. (2021). The pre-history of sustainability reporting: a constructivist reading. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 34(9), 131–150. https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2017-2872

Li, D. D., Feng, J., & Jiang, H. (2006). Institutional entrepreneurs. American Economic Review, 96(2), 358–362. https://doi.org/10.1257/000282806777211775

Lima, C. R. G. de. (2013). Análise socioambiental da área do lixão do Jangurussu (Fortaleza-CE) e os impactos na comunidade do entorno (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP). https://doi.org/10.1190/segam2013-0137.1

Linnenluecke, M. K., Verreynne, M. L., de Villiers Scheepers, M. J., & Venter, C. (2017). A review of collaborative planning approaches for transformative change towards a sustainable future. Journal of Cleaner Production, 142, 3212–3224. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2016.10.148

Mahoney, J. (2001). Path-dependent explanations of regime change: Central America in comparative perspective. Studies in Comparative International Development, 36(1), 111–141. https://doi.org/10.1007/BF02687587

Mahzouni, A. (2019). The role of institutional entrepreneurship in emerging energy communities: The town of St. Peter in Germany. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 107(March), 297–308. https://doi.org/10.1016/j.rser.2019.03.011

Makarichi, L., Jutidamrongphan, W., & Techato, K. anan. (2018). The evolution of waste-to-energy incineration: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 91(April), 812–821. https://doi.org/10.1016/j.rser.2018.04.088

Marquise, G. (2020). História. Retrieved August 20, 2020, from http://www.grupomarquise.com.br/grupo-marquise

Matias, J. L. N., & Menezes, L. T. de. (2018). Análise da política nacional dos resíduos sólidos à luz do paradigma do desenvolvimento sustentável. Revista Do Programa de Pós-Graduação Em Direito Da UFC, 38(jul./dez.), 277–288.

Mutz, D., Hengevoss, D., Hugi, C., & Gross, T. (2017). Opções em Waste-to-Energy na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Um guia para tomadores de decisão em países emergentes ou em desenvolvimento. Eschborn: Deutsche Gesellschaft für

Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Retrieved from http://protegeer.gov.br/images/documents/393/WasteToEnergy Guidelines GIZ 2017 -web PT.pdf

Ometto, M. P., & Lemos, E. L. (2010). EMPREENDEDORISMO INSTITUCIONAL, AGÊNCIA E MUDANÇA INSTITUCIONAL: uma contribuição ao institucionalismo organizacional. XIII SemeAD - Seminários Em Administração, 16.

Pan, S. Y., Du, M. A., Huang, I. Te, Liu, I. H., Chang, E. E., & Chiang, P. C. (2015). Strategies on implementation of waste-to-energy (WTE) supply chain for circular economy system: a review. Journal of Cleaner Production, 108, 409–421. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.124

Perkmann, M., & Spicer, A. (2007). “Healing the scars of history”: Projects, skills and field strategies in institutional entrepreneurship. Organization Studies, 28(7), 1101–1122. https://doi.org/10.1177/0170840607078116

Pimentel, L., Major, M., & Cruz, A. (2023). Collective Action in Institutional Entrepreneurship: The Case of a Government Agency. Emerging Science Journal, 7(2), 538–557. https://doi.org/10.28991/ESJ-2023-07-02-017

Qiu, Y., Chen, H., Sheng, Z., Zhang, J., & Cheng, S. (2022). Institutional Entrepreneurship and Megaproject: A Case of the Hong Kong-Zhuhai-Macau Bridge. IEEE Transactions on Engineering Management, 69(6), 3053–3067. https://doi.org/10.1109/TEM.2020.3025720

SNIS. (2020). Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) - ano base 2019. Ministério Do Desenvolvimento Regional, Secretaria Nacional de Saneamento, 246. Retrieved from www.snis.gov.br

SNIS. (2021). Diagnóstico Temático Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Visão Geral. Ano de referência 2020. Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), 1–59. Retrieved from www.snis.gov.br

Svejenova, S., Mazza, C., & Planellas, M. (2007). Cooking up change in haute cuisine: Ferran Adrià as an institutional entrepreneur. Journal of Organizational Behavior, 28(5), 539–561. https://doi.org/10.1002/job.461

Tiberius, V., Rietz, M., & Bouncken, R. B. (2020). Performance analysis and science mapping of institutional entrepreneurship research. Administrative Sciences, 10(3), 69. https://doi.org/10.3390/admsci10030069

Tracey, P., Phillips, N., & Jarvis, O. (2011). Bridging institutional entrepreneurship and the creation of new organizational forms: A multilevel model. Organization Science, 22(1), 60–80. https://doi.org/10.1287/orsc.1090.0522

Tracey, P., & Phillips, N. W. (2011). Article in Management International Review. (February). https://doi.org/10.2307/23012233

Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos (5th ed.). Porto Alegre: Bookman.

Publicado

13.08.2024

Como Citar

Corrêa, A. R. M., Abreu, M. C. S. de, & Figueirêdo Junior, H. S. de. (2024). Desafios na construção de uma cadeia de fornecimento de energia a partir de resíduos sólidos urbanos: o papel dos empreendedores institucionais. Revista De Gestão Ambiental E Sustentabilidade, 13(1), e23089. https://doi.org/10.5585/2024.23089

Edição

Seção

Artigos