O currículo paulista (2020) como arquitetura ontológica
uma análise crítica freireana sobre os paradigmas do ser no currículo de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n69.25438Palavras-chave:
Currículo Paulista, ideologia, Ontologia, Paulo Freire, Ser MaisResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a construção ontológica implícita no Currículo Paulista (2020) e suas intencionalidades. Partindo da concepção do currículo como campo de disputas que impactam a formação ontológica dos seres sociais, cabe questionar: qual concepção ontológica o Currículo Paulista (2020) se propõe a desenvolver? Para responder à questão, utilizou-se a metodologia qualitativa de pesquisa com a análise documental, tomando o estudo crítico do discurso de Norman Fairclough, (2001) como ferramenta para compreensão dos documentos como materialização dos conflitos sociais, históricos e ideológicos. Desse modo, partiu-se da concepção de Michael Apple (2006) do currículo como campo de disputas ideológicas e de Paulo Freire (2019) com a ontologia do “ser mais” para compreender os impactos do discurso neoliberal na formação ontológica dos estudantes paulistas. Concluiu-se, portanto, que a ontologia desenvolvida ao longo do documento do Currículo Paulista (2020) é fortemente comprometida com a formação de seres sociais ajustados ao capital para o mercado, tendo a ideologia do “empreendedorismo” como elemento central para a formação ontológica dos estudantes como “empresários de si”. Assim, o documento curricular oficial opera como instrumento ideológico na formação, constituindo como uma “arquitetura ontológica”.
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