Apontamentos sobre a epistemologia circular dos blocos afrocarnavalescos de Salvador
DOI:
https://doi.org/10.5585/eccos.n64.24023Palavras-chave:
afoxés, blocos afros, carnaval, circularidade, epistemologia.Resumo
Ao conceber o espaço do carnaval a partir das suas tensões socioeconômicas, políticas e culturais internas, a população negra de Salvador (BA) vem, desde a segunda metade do século XIX, elaborando formas de divertimentos que, para além do entretenimento, tanto denunciam a exclusão étnico-racial quanto anunciam possibilidades antirracistas de organização social. Tomando como base empírica o contexto do carnaval soteropolitano e como aporte teórico as contribuições de Paulo Freire e de outros autores do pensamento crítico brasileiro, este artigo examina como a dialética contida na relação denúncia/anúncio, expressas nas práticas comunitário-carnavalescas, constituiu uma epistemologia circular de natureza crítica e transformadora, indispensável às práxis pedagógicas de dois importantes fenômenos culturais afro-baianos, os afoxés e os blocos afros. Nesse sentido, foi possível constatar que a partir das bandas, dos ensaios, dos temas, dos festivais de música, dos festivais de beleza negra e da estética afrorreferenciada, das fantasias, das ações sociais e das escolas, principais elementos componentes da práxis afrocarnavalesca, saberes e valores são organicamente produzidos pelo conjunto entidades/comunidades/foliões(ãs), constituindo uma epistemologia de natureza nitidamente circular.
Downloads
Referências
ALENCAR, Itana. “Não é só título de empoderamento, é social”, diz Paula Marinho, eleita Rainha do Muzenza para carnaval de 2020. G1, 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/carnaval/2020/noticia/2020/02/17/nao-e-titulo-de- empoderamento-e-um-titulo-social-diz-paula-marinho-eleita-rainha-do-muzenza-para- carnaval-de-2020.ghtml. Acesso em: 17 dez. 2021.
CORTEJO AFRO. Histórico. 2021. Disponível em: http://www.cortejoafro.com.br/historico/. Acesso em: 18 dez. 2021.
DAVEL, Eduardo; ROSA, Renata Saback. Gestão, cultura e consumo simbólico no Cortejo Afro. RPCA, Rio de Janeiro, Edição Especial, p.13-30, ago. 2017.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 62. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019 [1996].
FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. 4. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 1998. (Coleção Educação e Comunicação; v. 15) [1985].
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia, o cotidiano do professor. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2021 [1987].
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GONÇALVES, Gabriela da Costa. Bloco Afro Ilê Aiyê elege a “Deusa do Ébano” 2019. Fundação Palmares, 2019. Disponível em: https://www.palmares.gov.br/?p=53443. Acesso em: 17 dez. 2021.
GUERREIRO, Goli. A trama dos tambores: a música afro-pop de Salvador. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2010. (Coleção Todos os Cantos).
ITAÚ CULTURAL. Ocupação Ilê Aiyê. São Paulo: Itaú Cultural. 2018. Disponível em: https://issuu.com/itaucultural/docs/il aiy publicacao_issu. Acesso em: 18 de fev. 2021.
KRONBAUER, Luís Gilberto. Ação-reflexão. In: STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José. Dicionário Paulo Freire. 4. ed. ver. amp. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
OLIVEIRA, Vânia Silva. Ara-Ítàn: a dança de uma rainha, de um carnaval e de uma mulher. 2016. 182 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Escola de Dança, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, quilombos: modos e significações. 2. ed. rev. ampl. Brasília: Ayô, 2019.
SILVA, José Walter Silva e. A consciência que vem do tambor: uma leitura freiriana sobre a pedagogia afrocarnavalesca de Salvador. 2022. 571 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2022.
SECULT. Carnaval da Cultura traz riqueza dos blocos afro e diversidade do Pelô. 2020. Disponível em: http://www.cultura.ba.gov.br/2020/02/17404/Carnaval-da- Cultura-traz-riqueza-dos-blocos-afro-e-diversidade-do-Pelo.html. Acesso em: 12 dez. 2021 (matéria publicada em 14 fev. 2020).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Dos autores
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- Resumo 316
- PDF 265